sábado, 12 de setembro de 2009

CONVERSANDO SOBRE HOMOFOBIA

O jornalista e escritor Guilherme Fiúza publicou em seu blog o texto "Moralismo gay", uma crítica a lei que torna crime a homofobia no Brasil. Para ele, a lei que condena a discriminação de pessoas por gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero quer colocar uma mordaça nos retrógrados, "moralismo combatido com moralismo". "Esse projeto de lei que o Senado vai votar, criminalizando atos de preconceito contra os gays, não poderia ser mais preconceituoso", diz.
O projeto nº 122/06, relatado pela senadora Fátima Cleide (PT-RO) altera a lei 7.716/99, que trata de crimes de discriminação por raça, cor, etnia, religião e nacionalidade. A proposta é estender as punições aos comportamentos homofóbicos. Passaria a ser crime impedir, recusar ou dificultar o acesso ao mercado de trabalho e a ambientes públicos ou privados por causa de orientação sexual.
"Pelas novas regras propostas para a vida em sociedade, se um proprietário não alugar seu imóvel para um homossexual, por exemplo, pode ir preso. O motivo pode até ter sido a falta de confiança no fiador, mas o inquilino recusado poderá alegar que foi discriminado por sua opção sexual", diz o texto de Fiúza.
Os evangélicos organizaram uma manifestação em frente ao Congresso Nacional para protestar contra a aprovação do projeto de lei. Eles defendem a "liberdade religiosa" e não querem ser criminalizados por condenarem a homossexualidade. "A bíblia é homofóbica? E agora, vão rasgar a bíblia?", diziam os cartazes dos manifestantes.
Para o senador Marcelo Crivella, organizador do protesto, o projeto é inconstitucional, pois vai contra as liberdades individuais. "Concordo que é preciso garantir os direitos humanos dos homossexuais e acabar com o preconceito e a discriminação. O problema é como fazer isso sem que se fira o direito de liberdade de culto, expressão, fé e opinião", afirma.
Outro dispositivo excluído pelo bispo da Universal é o que torna crime "impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público" de homossexuais nos quais isso seja permitido aos heterossexuais. "Daqui a pouco vão fazer sexo debaixo das nossas janelas e não poderemos dizer nada, porque será discriminação, será crime", protestou recentemente o senador Magno Malta (PR-ES), também pastor evangélico e o mais feroz opositor ao projeto no Senado.
"Os homossexuais também têm de aprender a lidar com a diferença de pensamento e opinião. O Estado não pode se meter na religião. Caso esse projeto vire lei, o pastor homossexual não vai poder ser demitido. Os professores dos institutos bíblicos e das escolas dominicais também não, porque têm vínculo empregatício", reclama o senador fluminense.
De acordo com estatísticas levantadas por entidades ligadas ao movimento gay, a cada dois dias um homossexual é morto no país, vítima do ódio e da intolerância despertadas por sua orientação sexual.
"É um projeto necessário, que vem em boa hora colocar um freio nos mais de 100 homicídios que ocorrem no país a cada ano envolvendo homossexuais", defende o senador Geraldo Mesquita Jr (PMDB-AC), vice-coordenador da Frente Parlamentar Cidadania GLBT, composta por 222 congressistas.
A proposta, apresentada pela primeira vez em 2001 pela então deputada Iara Bernardi (PT-SP), altera o Código Penal e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e considera crime a dispensa do trabalhador em função de sua orientação sexual e prevê até cinco anos de prisão para quem discriminar qualquer cidadão por sua orientação sexual.
Além disso, estabelecimentos como igrejas, hotéis, motéis e restaurantes, por exemplo, não poderão se recusar a receber homossexuais. Também fica vedado qualquer tipo de discriminação no aluguel e venda de imóveis ou mesmo na seleção ou na promoção de pessoal nas empresas e no sistema de ensino.
Na sua opinião, a lei contra homofobia deve ser aprovada? VOTE NA ENQUETE AO LADO
Resumo:
O jornalista e escritor Guilherme Fiúza publicou em seu blog o texto "Moralismo gay", uma crítica a lei que torna crime a homofobia no Brasil. Para ele, a lei não passa de "moralismo combatido com moralismo".

Por quê a lei?
Ainda não há proteção específica na legislação federal contra a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero;
Por não haver essa proteção, estimados 10% da população brasileira (18 milhões de pessoas) continuam a sofrer discriminação (assassinatos, violência física, agressão verbal, discriminação na seleção para emprego e no próprio local de trabalho, escola, entre outras), e os agressores continuam impunes;
Por estarmos todos nós, seres humanos, inseridos numa dinâmica social em que existem laços afetivos, de parentesco, profissionais e outros, essa discriminação extrapola suas vítimas diretas, agredindo também seus familiares, entes queridos, colegas de trabalho e, no limite, a sociedade como um todo;
O projeto está em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário: “Artigo 7°: Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação”;
O projeto permite a concretização dos preceitos da Constituição Federal: “Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação [...] / Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”;
O projeto não limita ou atenta contra a liberdade de expressão, de opinião, de credo ou de pensamento. Ao contrário, contribui para garanti-las a todos, evitando que parte significativa da população, hoje discriminada, seja agredida ou preterida exatamente por fazer uso de tais liberdades em consonância com sua orientação sexual e identidade de gênero;
Por motivos idênticos ou semelhantes aos aqui esclarecidos, muitos países no mundo, inclusive a União Européia, já reconheceram a necessidade de adotar legislação dessa natureza;
A aprovação do Projeto de Lei contribuirá para colocar o Brasil na vanguarda da América Latina, assim como o Caribe, como um país que preza pela plenitude dos direitos de todos seus cidadãos, rumo a uma sociedade que respeite a diversidade e promova a paz.


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