terça-feira, 6 de abril de 2010

COMPROMISSO COM AS LUTAS DO POVO E MUITA EMOÇÃO!!!


ANHEMBI FOI PALCO DE UM MOMENTO HISTÓRICO, REPLETO DE CONSCIÊNCIA

Muita emoção e o distanciamento histórico para aprofundar a análise do que significou o III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais para a categoria marcaram o Seminário de seus 30 anos, realizado, no mesmo Anhembi, por CFESS, ABEPSS, ENESSO e CRESS-SP, nos dias 16 e 17 de novembro. Lotado de profissionais que participaram do evento histórico e da nova geração que tem levado o projeto ético-político profissional em frente, o Seminário reforçou que os presentes “fariam tudo outra vez se preciso fosse”, apontou desafios e algumas das estratégias para a construção do projeto societário hegemônico entre os assistentes sociais, que começou a ser erguido no III CBAS.
Inserção e parceria com os movimentos sociais A mesa de abertura representou o que foi o Congresso da Virada ao colocar as entidades organizadoras, CRESS-SP, ABEPSS, CFESS e ENESSO, ao lado dos movimentos sociais, então representados por MST, Conlutas, CUT, Tortura Nunca Mais, Marcha Mundial de Mulheres, Andes e CMP. Gilmar Mauro, do MST, abriu as falas, emocionado diante dos 2,5 mil participantes, e lembrou que “nestes tempos de crise econômica, ecológica e social; tempo de precarização, em que o Estado gera consensos pelos meios de comunicação por meio da criminalização dos movimentos sociais, está colocado o desafio de rediscutir a estratégia política, a sociedade a construir, o tipo de luta e a centralidade de cada uma delas para isso. É preciso analisar e discutir com franqueza quais os instrumentos organizativos e de classe necessários”. Segundo ele, este é um tempo de resistência, de luta, de ousadia, por isso é um tempo de Virada em que devemos dizer em alto e bom som: é possível lutar. Para Gilmar Mauro, a categoria de assistentes sociais e sua história compravam que não apenas “é preciso lutar como é possível vencer”.
Sônia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres, afirmou a necessidade de fazer uma nova virada, que não apenas supere o capitalismo, mas o sistema “patriarcal, homofóbico, sexista e racista, no qual não podemos mais decidir a roupa que queremos vestir”. Coelho chamou os presentes a lutarem por uma sociedade em que que a mulher possa ser reconhecida como produtora da riqueza, de valores e de conhecimentos. “Um sistema baseado na sustentabilidade da vida humana e não do capital”.
Victória Lavínia Grabois, representante do grupo “Tortura Nunca Mais”, exigiu a abertura dos documentos do regime militar brasileiro e o esclarecimento sobre o paradeiro de 434 brasileiros considerados desaparecidos políticos, como requisito para a construção de uma democracia plena. Ainda pediu a todos os presentes que se unissem à luta para o fim da anistia aos torturadores. A Andes, sindicato nacional dos professores do ensino superior, através de Ciro Correia, denunciou a “reforma universitária” para precarizar as relações de trabalho nas instituições de ensino públicas e ampliar a precarização e mercantilização da educação no país.
Zé Maria, representando a Conlutas, questionou a ajuda financeira dada pelo Governo Federal aos bancos e seguradoras ao mesmo tempo em que a seguridade social é desmanchada.
O representante da CUT, Expedito Solaney, firmou seu discurso na necessidade de entender o momento histórico da América Latina, em que, segundo ele, os movimentos venceram a ditadura militar, para implementar a sociedade desejada “não na retórica do discurso, mas na prática”.
Elaine Behringer, presidente da ABEPSS, lembrou que vivemos, hoje, um momento histórico completamente diferente daquele de 1979, já que a “a redemocratização foi atropelada pelo neoliberalismo e conformismo democrático popular, em meio ao pragmatismo e possibilismo” e criticou a política de ensino à distância. Mas mostrou-se otimista ao afirmar que o Serviço Social construiu instituições sólidas e combativas estando bem preparado, tanto em termos organizativos, quanto em formulação.
Áurea Fuziwara, presidente do CRESS-SP, avaliou que para fazer as escolhas estratégicas levantadas pelos que a precederam, é preciso inserção nos movimentos sociais. “Só assim vamos nos oxigenar e orientar nossas escolhas”. Emocionada, posicionou-se reafirmando que “não somos gestores da pobreza ou instrumentos de controle do Estado. Defendemos os direitos humanos e a construção de uma nova lógica societária. É no enredo das contradições que buscaremos uma alternativa às raízes da opressão. A história não tem dono, é construída cotidianamente”, declarou.
Ivanete Boschetti, presidente do CFESS, fechou a mesa pedindo aos presentes que se inspirem na coragem, vontade política organizada, rebeldia e criticidade presentes no III CBAS para seguir na luta hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário